CNDH aponta violação de direitos humanos em Projeto Santa Quitéria, de exploração de urânio no Ceará
CNDH aponta violação de direitos humanos em Projeto Santa Quitéria, de exploração de urânio no Ceará
Informações publicadas pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos
Plataforma Dhesca | 10 de Novembro de 2022
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH aprovou este mês, durante sua 64ª Reunião Ordinária, relatório intitulado “Violações de direitos humanos na mineração de Urânio”, sobre a missão realizada pelo conselho e pela Plataforma Dhesca Brasil a Santa Quitéria, no Ceará.
Visita dos consultores do CNDH e da Plataforma Dhesca ao empreendimento em Santa Quitéria
A missão ocorreu entre 31 de agosto e 02 de setembro deste ano para verificar eventuais violações de direitos humanos decorrentes do projeto de exploração mineral de fosfato (voltado à produção de fertilizantes e ração animal) e urânio (para enriquecimento no exterior e transformação em combustível a ser usado em usinas nucleares brasileiras, como Agra) em Santa Quitéria/CE.
Participaram da missão pelo CNDH os conselheiros Carlos Vilhena e Everaldo Patriota, a conselheira Virginia Berriel e a assessora técnica Ana Cláudia Macedo. Pela Plataforma Dhesca, participou o consultor ad hoc Guilherme Zagallo. Entidades parcerias no estado também integraram o grupo.
A Mesa Diretora do CNDH recebeu, em maio de 2022, representantes do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM, que denunciaram a aprovação do empreendimento voltado à exploração mineral por meio de explosões a céu aberto. O MAM apontou o risco de grave ameaça aos direitos humanos e socioambientais no estado do Ceará devido ao impacto no açude Edson Queiroz, às pilhas de rejeitos e aos potenciais riscos para a saúde humana e ambiental.
Presente ontem à reunião, Pedro D’Androsa, do MAM, destacou a importância da missão realizada ao estado para dar visibilidade ao empreendimento, que, segundo ele, já foi responsável por violar direitos humanos das mais de mil famílias localizada no entorno da jazida, ao não respeitar a Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que prevê obrigatoriedade de consulta prévia, livre, informada e de boa-fé de pessoas atingidas. “Não somos contra a mineração, pois sabemos que ela é fundamental. Somos contra esse modelo predatório e entreguista de mineração”, afirma.
Consultor designado pelo CNDH para o caso, Zagallo destacou que o próprio estudo de impacto ambiental apresentado pelo empreendedor do Projeto Santa Quitéria informa sua inviabilidade ambiental, uma vez que pelo menos oito padrões nacionais de emissão de poluentes e 10 padrões de ruído serão ultrapassados. Zagallo destaca ainda a omissão, no relatório, de riscos da dispersão de radiação e de metais pesados; da ausência da consideração do componente indígena, quilombola e de populações tradicionais; de riscos a fornecimento de água para a população, já que o projeto requer uso intensivo de água em uma região em que a população experimenta a falta dela; entre outras omissões.