Movimentos Sociais lançam Nota Pública denunciando os impactos do agronegócio sobre a saúde das populações do Baixo Jaguaribe
Basta de novos casos de causando sofrimento e morte a cada dia!
Basta de crianças nascendo sem os membros, ou com problemas no coração e nos rins!
Basta de crianças entrando na puberdade com dois ou quatro anos de idade!
“O câncer está matando
Muita gente a cada mês
Não tem mais o que fazer
Só Jesus que é rei dos reis
Que os políticos incompetentes
Vê e finge que não vê”
(Trecho do cordel de D. Maria de Fátima, Comunidade do Tomé)
Quinze anos depois da chegada de grandes empresas do agronegócio em Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas, esta é a região que tem o maior índice de câncer do Ceará: as estatísticas do SUS mostram isso! Já em 2010 percebemos que a mortalidade por câncer aqui é 38% maior que nos municípios do Ceará que não têm empresas do agronegócio, como comprovam as pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Ceará/UFC.
E porque casos de câncer, malformações congênitas, abortos e alterações hormonais crescem tanto nessa região? Seria apenas coincidência?
Não. Ocorre que o agronegócio chega, desmata e destrói a biodiversidade, consome a nossa água, para plantar uma coisa só: as monoculturas de banana, ou melão, ou outras frutas. Isto desequilibra a natureza e faz com que alguns insetos, fungos, ou ervas se reproduzam mais que os outros. A isso eles chamam de pragas, e derramam milhões de litros de venenos sobre a terra e, a água, no ar e nos alimentos.
Estes venenos são prejudiciais à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras nas empresas, às suas famílias, às populações locais e à natureza. A Organização Mundial de Saúde, através do seu instituto de pesquisa sobre o câncer (IARC), classificou mais cinco agrotóxicos como causadores de câncer: o herbicida GLIFOSATO (Round up) e os inseticidas MALATION, DIAZINON, PARATION E TETRACLORVINFÓS.
Recentemente, no dia 08 de abril, o INCA – Instituto Nacional do Câncer, do Ministério da Saúde, publicou uma nota reconhecendo que “dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer”.
Até quando as empresas do agronegócio vão poder dispor da vida das pessoas para expropriar delas as suas energias e saúde e retribuí-las com doenças e mortes? Até quando os governos e o SUS irão ignorar essa realidade perversa e se ausentar de tomar medidas efetivas para modificá-la???
Chega de doenças e mortes!
Exigimos que as prefeituras, os governos estadual e federal tomem providências imediatas para fiscalizar e proibir esse abuso de venenos!
Exigimos que os casos de câncer, malformações e alterações hormonais sejam investigados, notificados e bem atendidos pelo SUS!
Exigimos que o CERESTA – Centro de Referência em Saúde, Trabalho e Ambiente Rural Zé Maria do Tomé – comece a funcionar imediatamente!
Exigimos que nossos direitos saiam do papel e venham para as comunidades!
Movimento 21
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte
CSP – Conlutas
Fafidam/UECE
Núcleo Tramas/UFC
Tags: Agronegócio, agrotóxicos, Baixo Jaguaribe, Semana Zé Maria